Thursday, May 18, 2006

2) PROCESSO CIVILIZATÓRIO - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLATERRA SEC XVIII

INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das "Revoluções Burguesas" do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime[monarqua absoluta, rei concentrava poder], na passagem do capitalismo comercial para o industrial.

Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas[enfatizavam a razão e a ciência], assinalam a transição da Idade Moderna [1453 a 1789] para Contemporânea.

Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante.

Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz[motor], é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média[sec.11 a 14).

A) O PROCESSO DE PRODUÇÃO

Nessa evolução, a produção manual que antecede a industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:

O artesanato, foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização.


Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma "taxa" pelo utilização das ferramentas.É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também encontrava-se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção.

A manufatura[hieraquirzação, assalariado], predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário.

Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto.

A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores.

Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e quarta Revolução Industrial.

Porém, se concebermos a industrialização, como um processo , seria mais coerente falar-se

num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII),

num segundo momento (energia elétrica no século XIX)

e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos século XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.

B) O PIONEIRISMO DA INGLATERRA

A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais, destacaram-se:

a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do mercantilismo;

o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias-primas, especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a aprovação dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no campo,

e consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas cidades.

Outro fator determinante, foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra, que desde 1688 com a Revolução Gloriosa. Essa revolução que se seguiu à Revolução Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal Burguês na Inglaterra um século antes da Revolução Francesa.

C) PRINCIPAIS AVANÇOS DA MAQUINOFATURA.


Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.
Em 1767 James Hargreaves inventa a "spinning janny", que permitia a um só artesão fiar 80 fios de uma única vez.
Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.
Em 1769 Richard Arkwright inventa a "water frame".
Em 1779 Samuel Crompton inventa a "mule", uma combinação da "water frame" com a "spinning jenny" com fios finos e resistentes.
Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.

D) DESDOBRAMENTOS SOCIAIS

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas.


A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção.

Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis trabalhistas

O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo.

Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento "ludista" (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários, e o movimento "cartista", organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto censitário. Destaca-se ainda a formação de associações denominadas "trade-unions", que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros sindicatos modernos.


O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime.

Sunday, May 14, 2006

1) PROCESSO CIVILIZATORIO

Pedro e Ló, quando vocês estudam História no colégio, vocês estudam a História de um povo (dos gregos, dos romanos ), ou sobre um episódio (Guerra de Tróia, Segunda Guerra mundial), ou de um período (Antiguidade, Idade Média etc).

Vocês ficam conhecendo alguns “tijolos” históricos, mas reclamam de não ter uma visão geral do “prédio”. É verdade. Aprendiz já passou por isso.

Há uma maneira (escute essa Ana!) mais fácil de conhecer o “prédio”. Vantagem: com o conhecimento do “prédio”, tem-se mais clareza para entender a lógica de cada “tijolinho” histórico. Vocês vão ver que eles se encaixam perfeitamente!

Benditos sejam os antropólogos! Eles reuniram essas informações todas e concluíram que a trajetória da humanidade (a maneira de construir o “prédio”) foi comum para todos os povos. Impressionante!

A sequência da evolução é a mesma, embora uns estejam mais adiantados, outros mais atrasados. Foi a mesma inclusive para povos isolados, que não tiveram contato com outros povos, caso dos índios da América.

O que determina o processo histórico? Os antropólogos queimaram a cabeça e descobriram que o principal fator determinante é a tecnologia. É o modo de produção.

Os antropólogos dividiram o processo histórico em 3 grandes fases. Cada fase é caracterizada pela introdução de nova tecnologia (agricultura, indústria, entre as principais). Vamos lá:

SELVAGEM – O homem vive na selva. A natureza oferecia aos homens abundantes alimentos: frutos, raízes, caças, peixes (comunismo primitivo, conforme Darcy Ribeiro). Aos homens bastavam mãos e braços para coletar os alimentos e pernas para procurá-los e correr dos animais perigosos.

Que estresse, hein Rê? Ficar correndo de leão e outros bichos!
O homem selvagem povoou a Terra. Saiu da África e chegou a todos os continentes. É a fase mais longa: 100 milhões de anos, por aí.

Com o aumento da população, os frutos da natureza tornaram-se insuficientes para tantas bocas. O homem passa, então, a produzir os alimentos com o "suor do rosto". Surge a agricultura. Acabou a moleza!!

Surge também a propriedade privada (“eu preparei este terreno, eu plantei, portanto é meu, fora daqui ladrão! Vá preparar seu terreno, vagabundo!”).

REVOLUÇÃO AGRÍCOLA - A agricultura surge no entorno do Mar Mediterrâneo (Egito, Pérsia etc). Em 10.000 anos a agricultura se expande pela Terra. Aos poucos (descoberta após descoberta) é desenvolvida a indústria.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – a Revolução Industrial é uma criança ainda (apenas 200 anos). Surgiu na Inglaterra, já chegou em vários países.
A indústria chegou ao Brasil há uns 60 anos e provocou as mesmas mudanças que provocara em outros países: êxodo rural, urbanização etc. É tudo igual, o processo é o mesmo, para o bem e para o mal.
A previsão é que a indústria se expanda pela Terra bem mais rapidamente que a agricultura, porque agora as coisas são mais rápidas (a dúvida é se a natureza suportará tamanha poluição).

Cada fase teve seu próprio sistema econômico, político, jurídico, de divisão do trabalho. Exemplos: feudalismo, capitalismo, absolutismo, república, democracia, escravidão, servidão, trabalhadores livres.

A antropologia mostra que o processo histórico teve uma seqüência lógica. Tijolinho após tijolinho. Tecnologia nova que depende das tecnologias velhas. É a tecnologia que determina o nível de produção, a qualidade de vida, as relações de trabalho, as instituições etc.

Após a conclusão da expansão industrial, qual será a próxima fase?

Ou a História já chegou ao fim (que seria a democracia e o liberalismo), como propõe o intelectual americano Francis Fukuyama?

Ou o “socialismo evolutivo”, que já estaria ocorrendo em democracias avançadas com Suécia, Dinamarca e Inglaterra, como afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro.

É possível pular fases no processo histórico?
O “socialismo real” tentou dar saltos e quebrou a cara (Rússia, China e demais).

A História mostra que não é possível dar saltos, não dá para inventar o computador antes da eletricidade, não dá para inventar o trator antes da roda, não dá para ser Inglaterra antes da industrialização.
Entendeu Rita porque o parente professor parece "arrogante"! É que o fera conhece a História!

O que fazer, então?

Cruzar os braços e deixar tudo por conta da História?

Ou lutar pela “utopia do possível”, ou seja, procurar descontar o atraso em relação aos países adiantados. Isso é possível e desejável! Tijolinho por tijolinho! Sempre mirando o "prédio" que queremos.
Daí que é fundamental contar com instituições políticas estáveis (e boas!) para dar continuidade ao projeto. Viva a República, viva a Democracia!
Segundo Marilena Chuai, a filósófa, "a democracia brasileita ainda está para ser inventada."

Por hoje, chega. O blog criará um link “PROCESSO HISTÓRICO” para dar continuidade ao tema. Certamente com a indispensável ajuda de Darcy Ribeiro (que Deus o tenha), autor de PROCESSO CIVILIZATÓRIO, considerado um dos 10 livros mais importantes do “pensamento brasileiro”.

Quem quiser interagir com Aprendiz, mande um E-mail. Será um prazer.

Wednesday, May 10, 2006

INDICE - PROCESSO CIVILIZATÓRIO

1) PROCESSO CIVILIZATÓRIO - idéia geral do processo histórico - introdução - as três grandes fases: SELVAGEM - REVOLUÇÃO AGRÍCOLA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

2) PROCESSO CIVILIZATÓRIO - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLATERRA SEC XVIII - Artigo baixado do site HISTORIANET

3) EUCALIPTO E MST - Opinão de especialista em eucalipto, "uma plantação que prejudica como qualquer outra plantação. A única alternativa é banir a agricultura da Terra – mas, para isso, a população do planeta teria de diminuir para no máximo uns 50 ou 100 milhões [ menos que a população brasileira], se tanto, catando frutinhas no mato “biodiverso"