Sunday, May 14, 2006

1) PROCESSO CIVILIZATORIO

Pedro e Ló, quando vocês estudam História no colégio, vocês estudam a História de um povo (dos gregos, dos romanos ), ou sobre um episódio (Guerra de Tróia, Segunda Guerra mundial), ou de um período (Antiguidade, Idade Média etc).

Vocês ficam conhecendo alguns “tijolos” históricos, mas reclamam de não ter uma visão geral do “prédio”. É verdade. Aprendiz já passou por isso.

Há uma maneira (escute essa Ana!) mais fácil de conhecer o “prédio”. Vantagem: com o conhecimento do “prédio”, tem-se mais clareza para entender a lógica de cada “tijolinho” histórico. Vocês vão ver que eles se encaixam perfeitamente!

Benditos sejam os antropólogos! Eles reuniram essas informações todas e concluíram que a trajetória da humanidade (a maneira de construir o “prédio”) foi comum para todos os povos. Impressionante!

A sequência da evolução é a mesma, embora uns estejam mais adiantados, outros mais atrasados. Foi a mesma inclusive para povos isolados, que não tiveram contato com outros povos, caso dos índios da América.

O que determina o processo histórico? Os antropólogos queimaram a cabeça e descobriram que o principal fator determinante é a tecnologia. É o modo de produção.

Os antropólogos dividiram o processo histórico em 3 grandes fases. Cada fase é caracterizada pela introdução de nova tecnologia (agricultura, indústria, entre as principais). Vamos lá:

SELVAGEM – O homem vive na selva. A natureza oferecia aos homens abundantes alimentos: frutos, raízes, caças, peixes (comunismo primitivo, conforme Darcy Ribeiro). Aos homens bastavam mãos e braços para coletar os alimentos e pernas para procurá-los e correr dos animais perigosos.

Que estresse, hein Rê? Ficar correndo de leão e outros bichos!
O homem selvagem povoou a Terra. Saiu da África e chegou a todos os continentes. É a fase mais longa: 100 milhões de anos, por aí.

Com o aumento da população, os frutos da natureza tornaram-se insuficientes para tantas bocas. O homem passa, então, a produzir os alimentos com o "suor do rosto". Surge a agricultura. Acabou a moleza!!

Surge também a propriedade privada (“eu preparei este terreno, eu plantei, portanto é meu, fora daqui ladrão! Vá preparar seu terreno, vagabundo!”).

REVOLUÇÃO AGRÍCOLA - A agricultura surge no entorno do Mar Mediterrâneo (Egito, Pérsia etc). Em 10.000 anos a agricultura se expande pela Terra. Aos poucos (descoberta após descoberta) é desenvolvida a indústria.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – a Revolução Industrial é uma criança ainda (apenas 200 anos). Surgiu na Inglaterra, já chegou em vários países.
A indústria chegou ao Brasil há uns 60 anos e provocou as mesmas mudanças que provocara em outros países: êxodo rural, urbanização etc. É tudo igual, o processo é o mesmo, para o bem e para o mal.
A previsão é que a indústria se expanda pela Terra bem mais rapidamente que a agricultura, porque agora as coisas são mais rápidas (a dúvida é se a natureza suportará tamanha poluição).

Cada fase teve seu próprio sistema econômico, político, jurídico, de divisão do trabalho. Exemplos: feudalismo, capitalismo, absolutismo, república, democracia, escravidão, servidão, trabalhadores livres.

A antropologia mostra que o processo histórico teve uma seqüência lógica. Tijolinho após tijolinho. Tecnologia nova que depende das tecnologias velhas. É a tecnologia que determina o nível de produção, a qualidade de vida, as relações de trabalho, as instituições etc.

Após a conclusão da expansão industrial, qual será a próxima fase?

Ou a História já chegou ao fim (que seria a democracia e o liberalismo), como propõe o intelectual americano Francis Fukuyama?

Ou o “socialismo evolutivo”, que já estaria ocorrendo em democracias avançadas com Suécia, Dinamarca e Inglaterra, como afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro.

É possível pular fases no processo histórico?
O “socialismo real” tentou dar saltos e quebrou a cara (Rússia, China e demais).

A História mostra que não é possível dar saltos, não dá para inventar o computador antes da eletricidade, não dá para inventar o trator antes da roda, não dá para ser Inglaterra antes da industrialização.
Entendeu Rita porque o parente professor parece "arrogante"! É que o fera conhece a História!

O que fazer, então?

Cruzar os braços e deixar tudo por conta da História?

Ou lutar pela “utopia do possível”, ou seja, procurar descontar o atraso em relação aos países adiantados. Isso é possível e desejável! Tijolinho por tijolinho! Sempre mirando o "prédio" que queremos.
Daí que é fundamental contar com instituições políticas estáveis (e boas!) para dar continuidade ao projeto. Viva a República, viva a Democracia!
Segundo Marilena Chuai, a filósófa, "a democracia brasileita ainda está para ser inventada."

Por hoje, chega. O blog criará um link “PROCESSO HISTÓRICO” para dar continuidade ao tema. Certamente com a indispensável ajuda de Darcy Ribeiro (que Deus o tenha), autor de PROCESSO CIVILIZATÓRIO, considerado um dos 10 livros mais importantes do “pensamento brasileiro”.

Quem quiser interagir com Aprendiz, mande um E-mail. Será um prazer.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olá aprendiz...achei genial o seu blog, em especial, a idéia de prestigiar os leitores com um resumo do processo civilizatório. De fato é muito complicado entender a nossa história a partir de fatos isolados....Parabéns e vou ficar no aguardo das próximas etapas.
Ana Maria

7:09 PM  

Post a Comment

<< Home